vida nos anéis
É no Ciclo que o dia-a-dia acontece. A estrutura das habitações nos Anéis, contudo, difere bastante das lunares e das marcianas: em vez de camadas (ou níveis), as cidades são feitas de agrupamentos de torres imensas; normalmente, cada uma possui uma designação específica – torres residenciais, comerciais, governamentais –, e são interligadas principalmente por amplas pontes. É comum uma torre residencial ser atravessada por milhares de pedestres à procura de outros lugares todos os dias, por isso a maioria das torres possui verdadeiras ruas em seus interiores, além dos corredores padrão.
Porém, há meios alternativas e mais rápidas de locomoção: “trens anelares”, que percorrem toda a extensão do Anel; magbus (abreviação de “ônibus magnético”), e táxis, os quais são geralmente mais caros. Tantos estes quanto os magbus têm paradas nas pontes, embora algumas torres sirvam de terminais; estradas são sempre envoltas em vidro protetor, serpenteando por entre as torres.
Contudo, nem os magbus e nem os táxis são usados com a mesma frequência que suas versões terranas; os cidadãos dos Anéis (chamados de siderais, embora alguns usem o termo “estrelares” de forma pejorativa) abusam das redes digitais para a maioria das atividades cotidianas, de comunicação a compras e até a lazer. Por essa razão, a maioria dos siderais é sedentária em maior ou menor grau, e um percentual notável de pedestres é composta por avatares de Cybermat.
Essa preferência pela Cyberplane não é apenas por preguiça. Devido à falta de espaço disponível nos Anéis, muitos lugares que são comuns na Terra, em Marte e na Lua não existem ali: por exemplo, não há lojas físicas, apenas digitais. Também não há escolas: aulas para o Ensino Básico, Fundamental e Médio são dadas em ambientes de Cyberplane mantidos pelas universidades – as quais, por sua vez, também não possuem sala de aula, apenas laboratórios para aulas práticas e pesquisa, além de uma variedade de departamentos. Neste peculiar sistema educacional, todos os níveis de formação são fortemente integrados, de modo que já cedo as crianças são orientadas pelo rumo que desejarem seguir.
As residências, por sua vez, são projetadas para a maior economia possível de espaço. Camas, por exemplo, são construídas como compartimentos dentro das paredes, e, assim, um quarto pequeno pode conter meia-dúzia de camas. Também não há cozinhas; toda torre residencial possui restaurantes comunais e lanchonetes que ficam abertas o dia todo, e alguns são exclusivos para residentes, como nas das torres de luxo. Mesmo os banheiros são limitados a uma privada e uma pia; chuveiros só são encontrados nos vestiários comunais, mas estes são exclusivos aos residentes e sempre vigiados por robôs especializados em detectar e impedir assédio sexual.
De fato, mesmo o espaço entre as próprias torres só é grande o bastante para acomodar as estradas tubulares – apelidadas de Circuitos – entre elas. Essa falta de áreas abertas, porém, frequentemente estressa as pessoas – e esta é outra razão pela qual os siderais são, na verdade, motivados a habitar a Cyberplane; adicionalmente, a maioria das tores e das pontes são ambientes Cybermat híbridos.
As torres de entretenimento, contudo, não poupam espaço para os serviços que oferecem. Embora pertençam à iniciativa privada, elas são apoiadas e, às vezes, até patrocinadas pelo governo, já que são a principal distração dos siderais – afinal, não há vales, florestas, montanhas ou lagos perto dos Anéis. As torres de entretenimento também funcionam como centros esportivos e, nos Estados mais ricos, costumam se juntar e formar gigantescos complexos de entretenimento, conhecidos popularmente como “galácticas”, onde se pode encontrar incontáveis opções de lazer.
Embora, de modo geral, o dia-a-dia aconteça nas torres, abaixo delas há uma série de níveis subterrâneos não muito menos movimentados. É nos setores inferiores que sideroportos e hangares são construídos, assim como as usinas de força baseadas em energia solar e de antimatéria. No entanto, é nas áreas desocupadas entre hangares, sideroportos e usinas que atividades ilegais ocorrem – pois essas são áreas sem ambientes Cybermat e, portanto, raramente vigiadas.
Esse nível de criminalidade em um ambiente monitorado pela Elenag se explica pelo fato de que, por muitos anos, os Anéis foram administrados por suas respectivas metrópoles; porém, devido à dificuldade de monitorar comunidades tão grandes e tão distantes, muitos sindicatos criminais tiveram sucesso em se infiltrar na sociedade sideral. Com frequência, esses criminosos se estabeleciam tão bem dentro dos Anéis, disfarçados de empresas honestas e misturados a políticos, que mesmo após quase cinquenta anos a Elenag só conseguiu prender alguns poucos.
Porém, há meios alternativas e mais rápidas de locomoção: “trens anelares”, que percorrem toda a extensão do Anel; magbus (abreviação de “ônibus magnético”), e táxis, os quais são geralmente mais caros. Tantos estes quanto os magbus têm paradas nas pontes, embora algumas torres sirvam de terminais; estradas são sempre envoltas em vidro protetor, serpenteando por entre as torres.
Contudo, nem os magbus e nem os táxis são usados com a mesma frequência que suas versões terranas; os cidadãos dos Anéis (chamados de siderais, embora alguns usem o termo “estrelares” de forma pejorativa) abusam das redes digitais para a maioria das atividades cotidianas, de comunicação a compras e até a lazer. Por essa razão, a maioria dos siderais é sedentária em maior ou menor grau, e um percentual notável de pedestres é composta por avatares de Cybermat.
Essa preferência pela Cyberplane não é apenas por preguiça. Devido à falta de espaço disponível nos Anéis, muitos lugares que são comuns na Terra, em Marte e na Lua não existem ali: por exemplo, não há lojas físicas, apenas digitais. Também não há escolas: aulas para o Ensino Básico, Fundamental e Médio são dadas em ambientes de Cyberplane mantidos pelas universidades – as quais, por sua vez, também não possuem sala de aula, apenas laboratórios para aulas práticas e pesquisa, além de uma variedade de departamentos. Neste peculiar sistema educacional, todos os níveis de formação são fortemente integrados, de modo que já cedo as crianças são orientadas pelo rumo que desejarem seguir.
As residências, por sua vez, são projetadas para a maior economia possível de espaço. Camas, por exemplo, são construídas como compartimentos dentro das paredes, e, assim, um quarto pequeno pode conter meia-dúzia de camas. Também não há cozinhas; toda torre residencial possui restaurantes comunais e lanchonetes que ficam abertas o dia todo, e alguns são exclusivos para residentes, como nas das torres de luxo. Mesmo os banheiros são limitados a uma privada e uma pia; chuveiros só são encontrados nos vestiários comunais, mas estes são exclusivos aos residentes e sempre vigiados por robôs especializados em detectar e impedir assédio sexual.
De fato, mesmo o espaço entre as próprias torres só é grande o bastante para acomodar as estradas tubulares – apelidadas de Circuitos – entre elas. Essa falta de áreas abertas, porém, frequentemente estressa as pessoas – e esta é outra razão pela qual os siderais são, na verdade, motivados a habitar a Cyberplane; adicionalmente, a maioria das tores e das pontes são ambientes Cybermat híbridos.
As torres de entretenimento, contudo, não poupam espaço para os serviços que oferecem. Embora pertençam à iniciativa privada, elas são apoiadas e, às vezes, até patrocinadas pelo governo, já que são a principal distração dos siderais – afinal, não há vales, florestas, montanhas ou lagos perto dos Anéis. As torres de entretenimento também funcionam como centros esportivos e, nos Estados mais ricos, costumam se juntar e formar gigantescos complexos de entretenimento, conhecidos popularmente como “galácticas”, onde se pode encontrar incontáveis opções de lazer.
Embora, de modo geral, o dia-a-dia aconteça nas torres, abaixo delas há uma série de níveis subterrâneos não muito menos movimentados. É nos setores inferiores que sideroportos e hangares são construídos, assim como as usinas de força baseadas em energia solar e de antimatéria. No entanto, é nas áreas desocupadas entre hangares, sideroportos e usinas que atividades ilegais ocorrem – pois essas são áreas sem ambientes Cybermat e, portanto, raramente vigiadas.
Esse nível de criminalidade em um ambiente monitorado pela Elenag se explica pelo fato de que, por muitos anos, os Anéis foram administrados por suas respectivas metrópoles; porém, devido à dificuldade de monitorar comunidades tão grandes e tão distantes, muitos sindicatos criminais tiveram sucesso em se infiltrar na sociedade sideral. Com frequência, esses criminosos se estabeleciam tão bem dentro dos Anéis, disfarçados de empresas honestas e misturados a políticos, que mesmo após quase cinquenta anos a Elenag só conseguiu prender alguns poucos.