pandorons
Na primeira metade do século XXI, a medicina vivenciou uma revolução quando uma equipe de cientistas, a serviço de uma gigante farmacêutica e à procura de uma forma de evitar patologias em vez de simplesmente medicá-las, desenvolveu um tratamento que alterava certos genes de um embrião, livrando-o de ter predisposição a certas doenças.
Alguns anos depois, esse tratamento foi melhorado de forma que, além de eliminar anomalias e doenças, ele melhorava as habilidades físicas e cognitivas do indivíduo. A equipe que ajudou a trazer o primeiro “humano aprimorado” à Terra escreveu um artigo no qual defendia o tratamento, além de explicar como ele poderia beneficiar a humanidade; e foi ali que o termo “Pandoron” surgiu pela primeira vez, definindo o “humano com total acesso ao seu máximo potencial físico e intelectual”
O procedimento Pandoron sempre foi muito controverso; seus detratores defendem que ele acabará por criar uma “raça mestre” de indivíduos ricos – afinal, ele está longe de ser barato –, em especial os de nações desenvolvidas, enquanto cidadãos menos privilegiados e de nações subdesenvolvidas se verão em desvantagem ainda maior.
Seus defensores, por outro lado, argumentam que o procedimento Pandoron, por si só, não melhora ninguém, que o verdadeiro diferencial é se dedicar a evoluir física e intelectualmente – e que essa dedicação é algo que não depende de genes Pandoron. Eles também argumentam que, à medida que o procedimento ficar mais barato e acessível a mais gente, ele ajudará a humanidade a melhorar a humanidade de todas as formas possíveis.
Em defesa desse argumento, diz-se que várias das mais importantes descobertas e avanços tecnológicos do final do século XXI e início do XXII – inclusive os que permitiram a rápida colonização da Lua, de Marte e do espaço – foram realizadas por cientistas Pandorons. Também se argumenta que, embora a discriminação de humanos normais por Pandorons exista, ela não é generalizada, e é sempre punida rigorosamente pela lei.
Não obstante toda a controvérsia, o procedimento de aprimoramento do corpo ficou, de fato, mais barato com o passar dos anos, e o número de Pandorons cresceu consideravelmente entre 2040 e 2140 – efetivamente formando uma nova classe social abrangendo nações. Com a maioria de seus membros oriundos de nações abastadas e, em especial, da elite, quase sempre eles se viam na vanguarda de tudo o que faziam, de trabalhos sociais aos negócios e à ciência.
Por causa disso, os “humanos padrão”, em grande parte, criaram uma antipatia em relação a eles; esse “Anti-Pandorismo” já se manifestou de formas horríveis, como foi o caso do brutal homicídio de uma assistente social Pandora no Oriente Médio, no último ano do século XXI.
Como ódio sempre gera mais ódio, o Anti-Pandorismo motivou um sentimento semelhante dentre os Pandorons – ou melhor, uma versão mais extrema do desdém que muitos já sentiam pelos não-Pandorons –, alguns dos quais passaram a acreditar que governar o mundo não era apenas seu direito, mas sua obrigação moral, devido ao que viam como sendo sua inerente superioridade.
Assim, na década de 2120,percebeu-se um novo movimento, que culpava os “humanos imperfeitos” por todas as crises sociais, ecológicas e econômicas que já haviam afligido a humanidade. Esse movimento – chamado de Neo-Pandorismo – tem duas linhas de pensamento: uma, considerada mais “leve”, prega que Pandorons deviam trabalhar para que os filhos de todo e qualquer casal disposto pudesse ser agraciado com o procedimento.
A linha “dura”, no entanto, declara que não-Pandorons (chamados pejorativamente de “lamacentos”, em referência aos imperfeitos homens de lama criados por Prometeu na mitologia grega) deveriam ser substituídos por robôs e inteiramente exterminados.
Embora exista certa tolerância para com o Neo-Pandorismo “leve”, sua outra variante é considerada criminosa em vários países – o que não muda o fato de que muitas figuras de importância política e cultural são, secretamente, adeptas a ela.
Alguns anos depois, esse tratamento foi melhorado de forma que, além de eliminar anomalias e doenças, ele melhorava as habilidades físicas e cognitivas do indivíduo. A equipe que ajudou a trazer o primeiro “humano aprimorado” à Terra escreveu um artigo no qual defendia o tratamento, além de explicar como ele poderia beneficiar a humanidade; e foi ali que o termo “Pandoron” surgiu pela primeira vez, definindo o “humano com total acesso ao seu máximo potencial físico e intelectual”
O procedimento Pandoron sempre foi muito controverso; seus detratores defendem que ele acabará por criar uma “raça mestre” de indivíduos ricos – afinal, ele está longe de ser barato –, em especial os de nações desenvolvidas, enquanto cidadãos menos privilegiados e de nações subdesenvolvidas se verão em desvantagem ainda maior.
Seus defensores, por outro lado, argumentam que o procedimento Pandoron, por si só, não melhora ninguém, que o verdadeiro diferencial é se dedicar a evoluir física e intelectualmente – e que essa dedicação é algo que não depende de genes Pandoron. Eles também argumentam que, à medida que o procedimento ficar mais barato e acessível a mais gente, ele ajudará a humanidade a melhorar a humanidade de todas as formas possíveis.
Em defesa desse argumento, diz-se que várias das mais importantes descobertas e avanços tecnológicos do final do século XXI e início do XXII – inclusive os que permitiram a rápida colonização da Lua, de Marte e do espaço – foram realizadas por cientistas Pandorons. Também se argumenta que, embora a discriminação de humanos normais por Pandorons exista, ela não é generalizada, e é sempre punida rigorosamente pela lei.
Não obstante toda a controvérsia, o procedimento de aprimoramento do corpo ficou, de fato, mais barato com o passar dos anos, e o número de Pandorons cresceu consideravelmente entre 2040 e 2140 – efetivamente formando uma nova classe social abrangendo nações. Com a maioria de seus membros oriundos de nações abastadas e, em especial, da elite, quase sempre eles se viam na vanguarda de tudo o que faziam, de trabalhos sociais aos negócios e à ciência.
Por causa disso, os “humanos padrão”, em grande parte, criaram uma antipatia em relação a eles; esse “Anti-Pandorismo” já se manifestou de formas horríveis, como foi o caso do brutal homicídio de uma assistente social Pandora no Oriente Médio, no último ano do século XXI.
Como ódio sempre gera mais ódio, o Anti-Pandorismo motivou um sentimento semelhante dentre os Pandorons – ou melhor, uma versão mais extrema do desdém que muitos já sentiam pelos não-Pandorons –, alguns dos quais passaram a acreditar que governar o mundo não era apenas seu direito, mas sua obrigação moral, devido ao que viam como sendo sua inerente superioridade.
Assim, na década de 2120,percebeu-se um novo movimento, que culpava os “humanos imperfeitos” por todas as crises sociais, ecológicas e econômicas que já haviam afligido a humanidade. Esse movimento – chamado de Neo-Pandorismo – tem duas linhas de pensamento: uma, considerada mais “leve”, prega que Pandorons deviam trabalhar para que os filhos de todo e qualquer casal disposto pudesse ser agraciado com o procedimento.
A linha “dura”, no entanto, declara que não-Pandorons (chamados pejorativamente de “lamacentos”, em referência aos imperfeitos homens de lama criados por Prometeu na mitologia grega) deveriam ser substituídos por robôs e inteiramente exterminados.
Embora exista certa tolerância para com o Neo-Pandorismo “leve”, sua outra variante é considerada criminosa em vários países – o que não muda o fato de que muitas figuras de importância política e cultural são, secretamente, adeptas a ela.